Febre amarela, dengue, zika e chikungunya:
entenda as doenças do Aedes que afetam o Brasil
O mosquito Aedes aegypti começou
a assustar os brasileiros com a transmissão da dengue. Depois, o país
acompanhou o surgimento de uma nova doença desconhecida: a zika.
Esse novo vírus
passou a ser o principal medo das grávidas e alvo de pesquisas por todo o mundo.
E, agora, os
mosquitos Haemagogus e Sabethes transmitem a febre amarela em Minas
Gerais, um novo surto que ocorre após 10 anos - o último aumento do número de
casos ocorreu em 2007.
O G1 ouviu especialistas - infectologistas, biólogos,
pediatras - para tentar entender as diferenças de todas essas doenças e onde
elas estão agindo com mais força pelo país.
Por que o Brasil
está sendo afetado por essas doenças?
Há um ambiente
favorável para a reprodução dos mosquitos transmissores, tanto o Aedes aegypti, quanto os mosquitos selvagens da febre
amarela, o Haemagogus ou Sabethes. “Não conseguimos controlar a população de
mosquitos. É preciso descobrir uma maneira mais objetiva de combatê-los”,
explica Juvêncio José Duailibi Furtado, coordenador científico da Sociedade
Paulista de Infectologia.
Os médicos
concordam que são vários fatores que propiciam o ambiente favorável. Para Gúbio
Soares, pesquisador da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o processo de
"favelização” das cidades contribui para o cenário. “As pessoas não têm
moradia digna, não têm rede de esgoto, não têm água encanada, e armazenam água
em tonéis e baldes”, explicou.
Além disso, o
clima quente e úmido das cidades brasileiras durante o verão é o preferido
entre os mosquitos transmissores. E é por isso que a quantidade de casos das
doenças diminui durante o inverno.
A febre amarela
também é transmitida pelo mosquito
Aedes nas cidades, mas desde 1942 não há um caso fora
das zonas silvestres e de mata do Brasil. Nessas regiões, a transmissão ocorre
por meio dos mosquitos dos gêneros Haemagogus ou Sabethes. A questão agora é se o vírus vai alcançar
centros urbanos ou se permanecerá restrito ao campo.
Como se proteger?
Para evitar a
proliferação dos mosquitos, é importante não deixar água parada. Para evitar as
picadas, é possível colocar redes nas janelas, vestir roupas com mangas
compridas nas áreas de risco e usar repelente. Isso vale para todas as doenças.
Qual doença deve
ter mais casos em 2017?
A previsão é
difícil de ser feita. Mas, de acordo com os especialistas e com o Ministério da
Saúde, os casos de chikungunya devem crescer e os de zika devem
se estabilizar.
A febre amarela
vai chegar às grandes cidades?
Este é o maior
temor em relação à febre amarela. Para o biólogo Horácio Teles, do Conselho
Regional de Biologia, o risco é muito grande. “Com o desmatamento, as pessoas
estão indo para cada vez mais perto da mata. Se uma pessoa for infectada na
região silvestre, for para a cidade e for picada pelo Aedes aegypti, começa o ciclo de transmissão urbana”.
No entanto, a
existência de uma vacina deve impedir que a febre amarela se torne uma epidemia
tão grave quanto a de dengue. “Quando os primeiros casos ocorrem em uma cidade,
é possível fazer uma vacinação de bloqueio e conter a doença”, diz o
infectologista Juvêncio José Duailibi Furtado, coordenador científico da
Sociedade Paulista de Infectologia.
Quem deve se
vacinar contra a febre amarela?
Até agora, o Ministério
da Saúde recomenda que apenas pessoas que morem nas áreas de risco (próximas à
mata e zona rural) ou que viagem para estas regiões procurem os centros de
saúde para vacinação.
Em situações de
emergência, a vacina pode
ser administrada já a partir dos 6 meses de idade. O indicado, no entanto, é
que bebês de 9 meses sejam vacinados pela primeira vez. Depois, recebam um
segundo reforço aos 4 anos de idade. A vacina tem 95% de eficiência e demora
cerca de 10 dias para garantir a imunização já após a primeira aplicação.
Pessoas com mais
de 5 anos de idade devem se vacinar e
receber a segunda dose após 10 anos. Idosos precisam ir ao médico para avaliar
os riscos de receber a imunização.
Pela possibilidade
de causar reações, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não
recomenda a vacina para pessoas com doenças como lúpus, câncer e HIV, devido à
baixa imunidade, nem para quem tem mais de 60 anos, grávidas e alérgicos a
gelatina e ovo.