Campos Machado diz que liberação das drogas é porta aberta para o crime
A preocupação com a
descriminalização do porte de drogas, mesmo que em pequenas quantidades, tem
feito o deputado estadual Campos Machado se pronunciar de forma enfática na
Assembleia Paulista.
O assunto está em pauta no
Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país, que julga a condenação de
um mecânico que assumiu a posse de três gramas de maconha. O julgamento do STF
está interrompido pelo pedido de vistas do Ministro Luiz Edson Fachin, que
solicitou uma análise maior sobre o caso. A decisão final sobre a liberação do
porte de drogas para uso próprio depende da maioria dos votos dos 11 ministros
da Corte. Até agora apenas o relator, Ministro Gilmar Mendes, votou e se
pronunciou favorável.
Para o líder do PTB de São
Paulo, deputado Campos Machado, há um círculo vicioso no mundo das drogas:
“Primeiro, o álcool. Depois a maconha. Depois, a cocaína. Depois, o fundo do
poço, o crack”.
Campos acredita, que uma
pequena quantidade de droga liberada por consumidor, vai alimentar e enriquecer
o mundo do crime. O efeito, para Campos Machado, será devastador nas famílias.
“Com todo o respeito ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas ele está
redondamente equivocado. Redondamente enganado,” esbravejou o deputado na
tribuna da Assembleia Legislativa paulista, na última semana, ao se referir as
posições de Fernando Henrique.
Campos Machado tem se
posicionado frontalmente contra a liberação das drogas no Brasil, ainda mais
por uma decisão judicial. Até porque, segundo ele, “o judiciário está assumindo
um papel que é dos legisladores. Mas não pelo conflito de competência que o
caso tem envolvido. Muito mais, porque o mundo do crime vai comemorar uma
vitória, tão nefasta, na justiça. E a sociedade, as famílias serão
terrivelmente afetadas”.
Campos Machado está
enviando cópias do seu discurso para todas as Assembleias Legislativas do país
e para igrejas e entidades civis, a fim de sensibilizar a sociedade sobre o que
está ocorrendo no país e onde tudo isso pode acabar.
“A luta não está perto do
fim, com o julgamento no STF. Está apenas no começo, pois, a partir de hoje, o
PTB estadual e nacional posiciona-se de maneira ostensiva contra a liberação da
maconha que, infelizmente, é defendida publicamente por um ex-presidente da
República em quem votei e admiro, Dr. Fernando Henrique Cardoso. Que lástima,
que pena, que judiação, que sofrimento!”, encerrou Campos Machado,
secretário-geral da Executiva Nacional do PTB, na tribuna da Assembleia Legislativa
de São Paulo.
CONFIRA O PRONUNCIAMENTO DE
CAMPOS MACHADO
(083a. Sessão Ordinária – Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo)
(083a. Sessão Ordinária – Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo)
O SR. CAMPOS MACHADO – PTB
– Sr. Presidente, nobre Deputado Fernando Capez, homem corajoso. A coragem
sempre vence o medo, deputado Fernando Capez.
Dessa maneira, inicio
dizendo que, felizmente, os horizontes anunciam que o Projeto de lei
Complementar nº 56 finalmente vai ser votado e aprovado nesta Casa. (Palmas.)
E quero cumprimentar todas as lideranças da Casa, passando pelo líder do Governo, o deputado Cauê Macris, para dizer que é tanto verdade, desta vez, que hoje o PLC nº 49 vai ser pautado para emenda aglutinativa. Só que ficou condicionado. Primeiro, vota-se o 56, depois se vota o 49. (Palmas). Desta maneira, vai ser feita justiça, deputado Curiati. Há uma luta de anos e anos, defendida por toda esta Casa, uma bandeira de justiça e de verdade.
E quero cumprimentar todas as lideranças da Casa, passando pelo líder do Governo, o deputado Cauê Macris, para dizer que é tanto verdade, desta vez, que hoje o PLC nº 49 vai ser pautado para emenda aglutinativa. Só que ficou condicionado. Primeiro, vota-se o 56, depois se vota o 49. (Palmas). Desta maneira, vai ser feita justiça, deputado Curiati. Há uma luta de anos e anos, defendida por toda esta Casa, uma bandeira de justiça e de verdade.
Passo um pouco ao largo,
deputada Analice Fernandes, para me concentrar em algo que está atormentando
nossa sociedade, nosso povo: a liberação de drogas. Mais facilmente dizendo, a
liberação da maconha.
Já falo agora não como
político, mas como advogado criminalista. Há um círculo vicioso, deputado Celso
Giglio. Primeiro, o álcool. Depois, a maconha. Depois, a cocaína. Depois, o fundo
do poço, o crack.
Eu já tenho um projeto aqui
que impede a venda e o consumo de bebidas alcoólicas nas ruas, avenidas, postos
de conveniência, que não passam de outra coisa senão lugares de tráfico.
Liberar a maconha? Será que
vai surtir algum efeito na família, já tão devastada, tão desgastada? “Ah, mas
tem alguns casos em que, no aspecto medicinal, a maconha é importante.” Eu
indago: e os malefícios?
Por onde começa o tráfico
de drogas? Pelo vício. Ninguém começa a vender drogas sem, antes, ficar viciado,
deputado Luiz Fernando. Não há essa possibilidade.
“Mas o presidente Fernando
Henrique Cardoso é a favor.” Mas espera um pouquinho: gosto muito do presidente
Fernando Henrique Cardoso, mas ele está redondamente equivocado, redondamente
enganado.
Ele não está pensando na
família brasileira. Não está pensando, não. Pensamento de filósofo. É muito
fácil filosofar, caminhar entre as estrelas. O difícil é caminhar pelo chão,
deputado Barba.
“Mas as cadeias vão ficar
superlotadas.” Eu indago: será que existe algum julgador ou alguma pessoa que
tem condição de ponderar o que é uso e o que não é uso de drogas? Se cinco
gramas, seis gramas, 10 gramas. O que é isso, minha gente?
Ontem eu presidi aqui uma Sessão Solene em homenagem aos 100 anos da Universidade Adventista de São Paulo – UNASP. E o pastor Euler, reitor da universidade, disse que nunca a família brasileira esteve tão à mercê da queda de carinho, de afeto, de amor, como acontece hoje.
Ontem eu presidi aqui uma Sessão Solene em homenagem aos 100 anos da Universidade Adventista de São Paulo – UNASP. E o pastor Euler, reitor da universidade, disse que nunca a família brasileira esteve tão à mercê da queda de carinho, de afeto, de amor, como acontece hoje.
Por isso vim a esta
tribuna, para dizer que, se aceitarmos essa tese, estamos criando a indústria
do crime. Sabe-se como começa, mas não se sabe como termina. É um momento da
degradação da família, e não vou nem entrar nessa questão de gênero, que é um
absurdo. Os evangélicos, de maneira preponderante, têm toda razão, quando se
posicionam contrários a essa discussão maléfica. Nem vou entrar nisso.
Estou dizendo da parte
prática, da parte familiar, do alicerce de uma família, do alicerce de uma
sociedade. Ah, dizem alguns arautos da modernidade, mas é adentrar no aspecto
individual das pessoas, da intimidade das pessoas. Vão aos distritos policiais
e verifiquem o número de agressões de filhos para mães, de filhos para pais.
Verifiquem. Verifiquem o que acontece com a família brasileira hoje. Irmãos não
respeitam irmãs, filhos não respeitam pais.
Dia desses, um bandoleiro
moral, menor de idade, 17 anos e 11 meses, quase 18 anos, menor de idade,
derrubou o avô no chão e – a pontapés – quebrou as clavículas do avô, que o
criava. Depois foi à delegacia e foi liberado, porque disse: “eu sou de menor”.
O que é isso? Não é a questão da maioridade penal que eu defendo para bandido de 17 anos. Não é isso, não. É a família que está em crise. Não se vê mais uma filha abraçar a mãe com tanto amor, um filho abraçar o pai, pedir bênção para o pai. Isso é coisa cafona. Como vou beijar meu pai? Para que beijar meu pai? Homem não beija homem. Essa é a alegação de hoje.
O que é isso? Não é a questão da maioridade penal que eu defendo para bandido de 17 anos. Não é isso, não. É a família que está em crise. Não se vê mais uma filha abraçar a mãe com tanto amor, um filho abraçar o pai, pedir bênção para o pai. Isso é coisa cafona. Como vou beijar meu pai? Para que beijar meu pai? Homem não beija homem. Essa é a alegação de hoje.
Enquanto isso, filósofos,
políticos e alguns médicos discutem como trucidar a família brasileira. Qual é
o caminho mais fácil para eliminar o amor? Qual o caminho mais fácil? Vamos
liberar. Palavra bonita: vamos descriminalizar o uso do entorpecente. Fumar
cocaína não pode ser crime, é para uso próprio. Fumar maconha não pode ser
crime, é para uso próprio.
Indago: o que fazemos nós,
legisladores? O que fazemos nós, profissionais da esperança que somos? Os
políticos são profissionais da esperança. O que fazemos nós? Quedamo-nos
inertes diante dessa ameaça que é tocada através de clarins no horizonte?
Ouvi a mensagem, deputado
Capez, e fico feliz quando V. Exa. conversa com suas filhinhas, como se fosse
um irmãozinho mais velho delas. A menina, a filha do Capez, foi passar um final
de semana na casa de uma amiga. A preocupação dele, como pai, era porque a
menina estava com problema na pele. Conversava com a menina como se ele
estivesse sentindo a dor da própria filha. Isso é ser cafona? A menina só se
apegava a ele, o pai, como se o pai tivesse o dom divino de, através do tempo e
do espaço, poder curar a dor da menina apenas com o amor que ele tem no
coração. Isso não pode mais porque é feio, porque não é moderno!!
Hoje um pai ou uma mãe não
pode levar o filho de 15 ou 16 anos a uma balada. Por causa dos coleguinhas ele
pensa: “como vou explicar que a senhora me traz na balada? Vão pensar que sou o
quê?” Nenhuma balada deixa de ter traficante na fila. Mandem a Polícia ir a
qualquer casa noturna deste Estado para verificar se nas portas dessas Casas
não há pessoas traficando drogas. Há sim pessoas traficando. Se há políticos
que defendem, se um ex-presidente da República defende a liberação da maconha,
no que mais podemos acreditar? Para onde vamos? Dizia Frank Williams: não
importa onde estamos, importa para onde vamos. Para onde vamos é que é a grande
preocupação.
Estamos caminhando para um
suicídio moral, para o aniquilamento da família. Não sou pastor, não sou padre,
não sou monsenhor, não sou diácono nem sou obreiro. Sou um homem vivido pela
vida. Através da advocacia criminal cheguei a um ponto que nunca sonhei em
minha vida. Não sou ingênuo. Estou afirmando o que realmente acontece e ninguém
quer ver. Ninguém quer ver o que acontece porque vemos a dor, mas não sentimos
a dor. Ninguém olha para o lado para ver o que acontece com as famílias. É por
isso que estamos começando duas campanhas nacionais.
Tenho orgulho de afirmar
nesta tarde que estou lançando uma campanha nacional. Dizem alguns que sou
contra a modernidade. Surgiu uma multinacional chamada Uber, maior que a Petrobras,
que está aniquilando a classe trabalhadora. Está destruindo taxistas, motoboys
e agora vai em cima dos caminhoneiros. O partido que lidero neste Estado e
neste País, grande partido de Estado fundado por Getúlio Vargas, vai liderar
este movimento.
O PTB vai liderar também a
luta contra a liberação da maconha e outras drogas. Não importa que digam que
somos quadrados, caretas, cafonas, retrógrados, antiquados ou caipiras do
interior. Sim, somos sim caipiras do interior, de Cerqueira César e Avaré, que
não aceitamos a liberação da maconha. Somos caipiras sim. Onde estão os
espertos?
É por isso, nobre deputado
Fernando Capez, jurista, membro de uma das mais conceituadas famílias deste
País, a família dos juristas. Foi o primeiro colocado no concurso do Ministério
Público, o irmão primeiro colocado para magistrado.
A partir de hoje, o PTB
estadual e nacional posiciona-se de maneira ostensiva contra a liberação da
maconha que, infelizmente, é defendida publicamente por um ex-presidente da
República em quem votei e admiro, Dr. Fernando Henrique Cardoso. Que lástima,
que pena, que judiação, que sofrimento!
Fonte: http://camposmachado.com.br/?news=campos-machado-diz-que-liberacao-das-drogas-e-porta-aberta-para-o-crime